Dieffenbachia ou Comigo-Ninguém-Pode – Curiosidades e Cultivo

O Gênero Dieffenbachia

 

Comigo-ninguem-pode - dieffenbachia seguine
Comigo-ninguem-pode – dieffenbachia seguine

Dieffenbachia é um gênero de plantas da família das Aráceas (Araceae) que são frequentemente encontradas em jardins ou usadas como plantas de interior, sendo conhecidas popularmente pelo nome de Comigo-Ninguém-Pode. Existem quase 60 espécies no gênero, e neste artigo daremos uma visão geral do conjunto, com ênfase para a espécie mais conhecida e popular, a Dieffenbachia seguine.

Sua popularidade se deve ao fato de ser uma planta de cultivo muito fácil, que tolera locais sombreados e por isso é indicada para cultivo em ambientes interiores, como apartamentos. Além é claro da beleza de sua folhagem, variegada e com muitas variantes.

Há um importante porém: esta planta é muito venenosa. Vamos explicar melhor a seguir.

Descrição

Altura: a Dieffenbachia seguine cresce até uma altura entre 1,0 e 3,0m. Outras espécies podem variar bastante em termos de altura, tamanho das folhas e coloração.

Planta perene e robusta com folhas verde-escuro alternadas, comumente com manchas variegadas de cor branco-creme, em formato oblongo a elíptico, de 30 a 45 cm de comprimento. Existem muitos cultivares distintos pelos motivos de variegação das folhas.

Origem: Américas, desde o México até a Argentina, incluindo as ilhas do Caribe. A espécie D. seguine é extremamente comum no Brasil, sendo amplamente cultivada em jardins e interiores.

Folha de Dieffenbachia seguine
Folha de Dieffenbachia seguine

A espécie mais comum é a D. seguine, que é a mais cultivada no gênero, conhecida pelo nome popular de comigo-ninguém-pode ou ainda como aninga-pará em algumas regiões do Brasil.

Como cultivar a Comigo-Ninguém-Pode

  • Gosta de locais quentes e sombreados. Proteja a planta contra temperaturas inferiores a 16º.
  • Mantenha o solo úmido em todas as estações e pulverize a planta regularmente. Regue ao menos duas vezes por semana.
  • Adubação: Do início da primavera até o início do outono a cada duas semanas com fertilizante líquido comercial.
  • Reenvase: Anual, sempre na primavera.
  • Multiplicação: Por estacas das extremidades dos ramos – tomado sempre muito cuidado ao manusear a planta, por sua elevada toxicidade. Corte pedaços entre 2,5 a 5cm, e os coloque sobre solo úmido para criar novas mudas.
  • Não é recomendada em casas onde haja crianças pequenas ou animais domésticos que possam morder a planta.

Veneno da Comigo-Ninguém-Pode

Se qualquer parte da planta for mastigada, irá provocar inchaço na boca e na língua, levando à perda temporária da capacidade de falar. Isso ocorre porque a planta toda possui ráfides, que são cristais minúsculos em forma de agulha (aciculares), formados pela deposição de oxalato de cálcio (ou carbonato de cálcio, em outras espécies) dentro de células ejetoras especializadas, que são conhecidas como idioblastos, que diferem das células comuns nos tecidos da planta. Os ráfides nada mais são que uma defesa da planta contra predadores que tentem se alimentar dela.

Quando a planta é danificada, milhares de ráfides, que possuem entre 150 e 300 μm de comprimento e de 8 a 15 μm de diâmetro,  são liberadas com uma força considerável, penetrando na pele e mucosas, e facilitando a entrada de toxinas no corpo, que poderão causar uma série de sintomas, como:

  • Sensação de queimadura
  • Salivação abundante e inchaço da língua, boca e garganta, se ela for mastigada
  • Inchaço, dor, lacrimejamento e cegueira temporária por várias semanas, se sua seiva entrar em contato com os olhos.
  • Bolhas e queimação nos dedos pelo simples toque em alguma parte cortada da planta.
  • Coceira e dor intensas

Em casos severos, a pessoa fica impossibilitada de falar, pois as cordas vocais podem ser paralisadas, e tem até mesmo dificuldade para respirar, e danos podem ser causados ao esôfago, laringe e trato digestório. Também pode ocorrer diminuição da pressão sanguínea, sangramento interno, cãibras, diarreia e vômitos, falha respiratória e até mesmo a morte.

As ráfides em si não são o veneno propriamente dito, sendo na verdade apenas um meio da planta injetar de forma eficiente toxinas em seus predadores. De acordo com pesquisadores, o suco da planta possui diversas toxinas, responsáveis pelos sintomas citados, tais como:

  • Ácido oxálico
  • Derivados do ácido cafeico
  • Ácido cianídrico
  • Diversos alcalóides
  • Glicosídeos
  • Saponinas
  • Enzima dumbcaína

Cerca de 70% dos casos de envenenamento por Dieffenbachia ocorrem em crianças com menos de 5 anos de idade.

Curiosidades sobre a Comigo-Ninguém-Pode

  • Na época da escravidão nos Estados Unidos, os negros escravos usavam a comigo-ninguém-pode como uma forma de cometer suicídio, apesar de que muitas vezes essa “técnica” falhava.
  • Nas Índias Ocidentais era empregada como forma de castigo para os escravos nas plantações onde era cultivada para a granulação de açúcar. Os escravos eram forçados a morder o caule, que contém mais ráfides que as folhas.
  • Durante o III Reich, na Alemanha nazista, foram feitas pesquisas sobre a possibilidade de esterilizar presos em campos de concentração, sendo iniciado um programa por Heinrich Himmler para esterilizar três milhões de presos soviéticos. A ideia foi deixada de lado pois se mostrou impraticável cultivar plantas em número suficiente.
  • Índios brasileiros forçavam inimigos capturados a ingerirem a planta para tentar torná-los estéreis; no Caribe, há registros do uso da planta como método contraceptivo.
  • Em Cuba, o suco da planta é aplicado diretamente nos órgão genitais para uso como afrodisíaco – apenas para mulheres.

Referências

BOWN, D. Aroids – Plants of the Arum Family. Timber Press. 2ª Ed. 2000

Zimmerplanzen – Auswählen, pflegen und arrangieren. Ed. Doring-Kindersley. 2005

SEDDON, G. O Jardim em Casa. Ed. Círculo do Livro. 1984

Veja também: Euphorbia milli (Coroa de Cristo) – Características e Cultivo

 

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